Esmalte

 

Eu quero profundamente machucar as pessoas que um dia me machucaram, fazer com que qualquer momento ruim tenha sua própria justiça mas eu tenho atirado flechas por todos os lados ferindo inocentes. 

A busca incessante por tentar descobrir quem eu realmente sou tem me consumindo de tal forma que nem uma simples cor de esmalte passa despercebido, eu escolho as cores a partir do nome dado a elas, quando ele me deixou eu pintei as unhas de "amor" um bordô cintilante, quando quis fugir printei de "estilo livre" um azul intenso, no início do verão pintei de "Brasil". Meus planos de fundo do celular me dão nos nervos, sendo que nenhum nunca consegue unir a simbologia com a estética o que me leva a horas incessantes a procurar por algo que nem eu mesma sei. 

Eu não sei como simplesmente ser alguém pois eu quero estar em todos os lugares, ter todos os estilos, vestir tudo, comer muito, ser magra, ter muitos hobbies mas passar o dia relaxando, transar com todos ao mesmo tempo ter um relacionamento sério. Essa dualidade me mata de tal forma que me faz ter a necessidade de uma imensa peneira que tira tudo que não é necessário e deixa só o que realmente é importante, mas quando eu a uso não sobra nada. Isso me leva a o vazio insignificante da minha vida, todos esses significados e adjetivos são mentiras que eu tento colocar na minha cabeça para que a vida realmente tenha um significado, um propósito. Um par de sapatos novos parcelados no cartão já estourado, um novo corte de cabelo, um livro, um parceiro, nada disso preenche esse vazio irritante que me faz ter sempre a mesma vontade de devorar o mundo e transar com Deus.

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